A Estranha Sally Diamond

 

Neste livro, acompanharemos a história de Sally Diamond, uma mulher reclusa que se vê diante dos holofotes da mídia após a morte de seu pai adotivo. Sem memórias de sua infância, Sally começa a vasculhar por pistas de seu passado após ler as 3 cartas deixadas por seu pai adotivo, revelando uma história horrível e chocante de seu passado.

Eu simplesmente devorei esse livro, estava com saudades de uma leitura que me causasse essa urgência, um livro que me deixasse curiosa, querendo saber mais e não conseguisse largar antes de terminar. Essa foi minha experiência com “A Estranha Sally Diamond”.

Sally é uma mulher de mais de 40 anos que viveu reclusa por toda sua vida, por motivos que vão sendo revelados ao longo do livro. Logo, ela tem muitas questões a serem trabalhadas devido ao isolamento social. Então, o livro vai muito além da busca de Sally por seu passado, mas também pela busca da personagem em tentar se recuperar de seus traumas que causaram sequelas em sua vida. Acompanhamos tudo isso durante a leitura, e eu senti muita empatia por Sally; sua vida não foi nada justa. Eu tive uma vontade real de ser amiga da personagem, me senti tão dentro da história, que senti que fazia parte da pequena cidade de Sally.

Por conta de seu passado, Sally tem algumas limitações, porém, tenta a todo momento passar por cima delas. E eu vi muitos personagens exigindo algumas atitudes dela, que nem mesmo eles tinham. Foi triste acompanhar o processo, pois conseguimos entender perfeitamente as limitações de Sally.

O livro alterna entre o presente e o passado, o que vai fazer com que a gente compreenda cada vez mais um pouco da história. Gostei do ritmo em que as revelações vão acontecendo, sem enrolação e direto ao ponto, porém sempre mantendo o suspense. Eu consegui ODIAR MUITO um personagem em especifico, apesar de compreender muito a situação deste personagem, não há justificativas para algumas atitudes.

Os personagens são bem trabalhados, e todos têm a sua importância na história, o que, para mim, foi um ponto positivo. A autora não jogou personagens aleatórios para complicar e encher a história. Embora não seja um livro repleto de reviravoltas, ainda consegui me surpreender em algumas partes com suas revelações. Quando eu achava que estava caminhando para um rumo, ele foi para um lado completamente oposto.

Com uma escrita muito fluida e rápida, o livro trata de temas pesados, então para algumas pessoas ele pode ser um pouco desconfortável. E apesar de ser acostumada com livros com uma temática pesada, admirei a autora por não ter escrito ele de forma muito gráfica. Alguns livros acabam pecando no excesso de algumas cenas com a intenção de chocar o leitor, e fiquei feliz de não ter encontrado isso no livro. Sabemos muito bem o que está acontecendo, e acredito que seria completamente desnecessário ficar descrevendo essas cenas.

Vi muitas pessoas reclamando do final, e acredito que o final realmente é do estilo que não vai agradar a todos. Eu particularmente gostei muito do final e não tive problemas com ele. A história caminhou para esse desfecho, e, infelizmente é um final bem próximo da nossa realidade.

 

Yuko Moriguchi, perdeu sua filha de 4 anos em um afogamento na escola onde trabalha. Lutando para conseguir seguir com a dor da perda da filha, Yoko decide pedir demissão. Em seu último dia de aula ela decide fazer uma revelação: A morte de sua filha na verdade não foi acidental, ela foi assassinada por dois alunos presentes naquela sala de aula. Sem citar nomes, Yuko conta como tudo aconteceu, mas no final de sua história, mesmo sem citar nomes, todos os alunos já sabem quem foram os responsáveis.

Após a revelação de Yuko, os capítulos do livro passam a se alternar, mostrando diferentes ângulos da situação. Voltamos ao fatídico dia pelos olhos de cada personagem envolvido, e também acompanharemos a situação atual de cada personagem, e assim veremos a vingança em andamento. Entenderemos a situação de alguns personagens e até mesmo sentiremos pena deles devido à negligência e à criação que receberam, embora isso não justifique suas ações. 

Veremos como algumas crianças podem ser maldosas, o livro conseguiu me deixar um pouco chocada com as ações dos personagens mirins. Percebemos também que pais omissos na vida de seus filhos podem deixar marcas que vão afetá-los para o resto de suas vidas e afetar a forma como eles se enxergam e veem o mundo. 

Um dos temas abordados no livro é o HIV, onde Yuko deixa claro no início do livro sobre a desinformação e o preconceito da população do país. A desinformação dos alunos em relação ao tema causa desconforto e revolta. Os alunos chegam a demonstrar medo de estar no mesmo ambiente que uma pessoa soropositiva, chegando ao ponto de prender a respiração enquanto a professora falava.

Alguns trechos:

'O preconceito com portadores de HIV no Japão é terrível - e se quiserem uma prova, basta se lembrarem de como prenderam a respiração agora há pouco, pensando que eu estava infectada. Mesmo que a criança não tivesse o vírus, como seria tratada quando todos soubessem que o pai tinha AIDS? Se fizesse amigos, será que seus pais os deixariam brincar com ela? Quando tivesse idade escolar, será que as outras crianças, ou até os professores, a tratariam mal e a obrigariam a sair da lanchonete, da aula de educação física ou de algum outro lugar onde pudesse ocorre algum problema?'

'Se vocês tem tanta simpatia por alguém com AIDS, por que chegaram para trás quando descobriram que a professora aqui na frente transou com uma pessoa infectada com HIV?'

'Você parece particularmente incomodada, Srta. Hamazaki, sentada aí na primeira fila, mas não precisa prender a respiração. O HIV não é transmissível pelo ar. Na verdade, ninguém pega aids com aperto de mão, por causa de uma tosse ou um espirro, nem por compartilhar o banheiro, a piscina, por usar o mesmo prato, nem pela picada de um mosquito ou pelo contato com animais. Em geral, nem pelo beijo se transmite HIV. Ninguém pega aids por ter um contato mais próximo com uma pessoa infectada, e nunca ninguém pegou por simplesmente estar na mesma sala que uma pessoa infectada, embora eu saiba que no livro não se fala de nada disso.'

Pesquisando um pouco sobre HIV no Japão, encontramos relatos de um país muito conservador. Levando em conta o ano de lançamento do livro e a cultura do país naquela época, acredito (de acordo com minha interpretação) que o desconforto foi proposital. Encontramos manchetes e pesquisas onde parte da população considerava HIV coisa de estrangeiro e coisa de pessoas 'imorais e promíscuas'. Deixo claro que baseei minha pesquisas na época do lançamento do livro, nenhuma informação aqui se trata dos anos atuais e sei que o país evoluiu muito desde aquela época. Acredito que a professora aproveitou a ignorância, preconceito e falta de conhecimento dos alunos para ajudar em sua vingança. Isso fica perceptivo nas páginas em que acompanhamos os alunos. Eles consideram o HIV como uma sentença de morte, e sabemos que na realidade não é assim. 

Em minha pesquisa, de anos anteriores, compatíveis com a época de lançamento do livro, descobri que muitas pessoas deixaram de fazer o tratamento adequado devido a preconceitos e que pode ocorrer um isolamento de pessoas soropositivas. Também achei matéria de brasileiros que preferiram retornar ao Brasil após o diagnóstico para um tratamento mais humano e completo. Encontrei informações sobre a conscientização e prevenção, indicando que o país ainda apresentava certa resistência nesses aspectos. Por volta do ano de 2008, percebi que o governo ainda não fazia muita campanha de conscientização.

Informações foram retiradas do site: https://agenciaaids.com.br/ Aqui você vai achar matérias de anos anteriores a 2008.

O livro aborda uma história cruel, com cenas difíceis de lidar, especialmente quando se trata do assassinato de uma criança de apenas 4 anos. Apesar de voltar à mesma cena várias vezes, isso não torna a história repetitiva, pois as repetições trazem respostas importantes para algumas perguntas em aberto.

A escrita da autora é fluída, mas algumas pessoas podem achar o início confuso devido à introdução de variados pontos de vista. No entanto, para mim, isso não atrapalhou a leitura e, achei interessante a forma como a história foi montada. Indico demais a leitura. 

Recomendo muito a leitura para pessoas que não são sensíveis ao tema tratado no livro.

Alguns dos possíveis gatilhos:

Violência

Suicídio

Depressão

Bullying 

Resenha - Menina Má

 

Menina Má vai contar a história de Rhoda, uma criança de 8 anos que vamos ver envolvida em um acidente em uma excursão de sua escola, que acabou levando a morte de um de seus colegas de sala.

Christine, mãe de Rhoda, fica desconfiada sobre o envolvimento de sua filha no acidente e começa a investigar. Durante suas investigações, ela começa a se recordar de momentos estranhos envolvendo Rhoda. A partir dessas lembranças, vamos tendo alguns vislumbres do passado da garota, o que nos ajuda a compreender seu estilo de comportamento e seus mecanismos de ação.

Vemos o desenvolvimento da garota de 8 anos para aperfeiçoar a manipulação e seus joguinhos, já que Rhoda sabe muito bem como driblar os adultos e utiliza de sua idade e aparência para enganá-los.

O livro se concentra principalmente na mãe de Rhoda e suas suspeitas em relação à filha. A parte psicológica é abordada superficialmente, já que não temos uma análise completa sobre o comportamento, motivos e estudos. Christine começa a investigar outros crimes cometidos por psicopatas para tentar entender e ajudar sua filha. Acompanhamos as indagações da mãe sobre por que sua filha age da forma que age, questionando se ela errou na criação ou se isso é algo genético. Vamos acompanhar a dor, o peso e a tristeza.

Vamos ter diferentes pontos de vista sendo apresentados e veremos como cada um deles enxerga Rhoda Porém, embora seja interessante acompanhar esses diferentes pontos de vista, algumas partes achei cansativas e fora do contexto geral do livro. Algumas situações gerou um corte no clima do livro. Temos pensamentos e conclusões sendo interrompidas por presenças de personagens que achei um tanto desnecessárias.

No geral achei interessante a leitura, gostei da abordagem de uma personagem nova sendo tratada como uma pessoa não inocente. Achei bacana quando é mostrado o egoísmo e ganância de Rhoda, a sua falta de empatia e falta de compreensão em relação aos sentimentos das pessoas, porém esperava mais do livro.

O final conseguiu me agradar, sei que muitos não gostaram, mas achei interessante. O final conseguiu fazer com que eu imaginasse o futuro que os personagens iriam seguir e o fim que eles teriam. Já que um deles era um dos grandes temores de Christine.

Gostei da leitura? Sim gostei, mas não foi um cinco estrelas.

O Jardim Secreto

 

Mary Lennox é uma garotinha mimada, solitária e infeliz. Criada por aias e sem o amor dos pais, Mary cresceu sem noção de limite, amor, carinho e educação. Cercada por aias que eram obrigadas a fazerem todas suas vontades, independente do que fosse, Mary se tornou uma criança insuportável. Porém, sua vida muda completamente após a morte de seus pais em uma epidemia de cólera na Índia.

Mandada para a mansão de seu tio na Inglaterra, seu único parente vivo, vamos começar a perceber o desenvolvimento da personagem. Sem aias para fazer tudo o que quer, Mary se vê obrigada a se virar sozinha naquela mansão. Em um primeiro momento, nada chama a atenção da garotinha, até que ela descobre que a mansão é cheia de mistérios e segredos. 

Uma mansão com mais de 100 quartos trancados, um choro incessante durante a noite, sem ninguém para mandar e desmandar, a história do jardim secreto chama a atenção de Mary. Em um mundo completamente novo, Mary começa a explorar o terreno em busca desse misterioso jardim. 

Pequenas mudanças começam a acontecer em Mary e ela começa a entender que nem todo mundo é insuportável e que ela pode também gostar das pessoas, assim como de ar fresco, brincar, e de coisas simples de criança. E com a sua mudança interior, vemos também uma mudança exterior, Mary se torna uma menina mais bonita, saudável e alegre. 

Entrando em contato com pessoas diferentes e que não estão dispostas a fazer tudo o que ela quer, Mary começa a se perceber ao encontrar pessoas parecidas com ela, começando assim a fazer uma reflexão sobre suas atitudes e entendendo que um dia também foi desagradável. Entendemos que a culpa de Mary ser do jeito que é não é dela, e sim da negligência de seus pais.

Seu crescimento é notável e com ele o livro traz reflexões sobre o pensamento negativo, a maneira que enxergamos a vida, a vontade de viver e em como a vida pode ser, sim, boa!

Um livro para todas as idades que eu recomendo muito.

Olha essa edição MARAVILHOSA!

Ganhei de presente e fiquei apaixonada 😍

Tubarão - Peter Benchley

🦈 ‘Tubarão’ é um livro que se passa em uma pequena cidade turística chamada, ‘Amity’. Faltando pouco tempo para o início de temporada, um grande tubarão branco começa a atacar banhistas das praias da cidade.

🦈 Aqui vamos acompanhar o chefe de polícia de Amity, Brody. Brody ao se deparar com o primeiro ataque de tubarão tenta de todas as formas tomar medidas para o fechamento das praias e assim, evitar mais mortes. O problema é o seguinte: Amity, uma cidade totalmente dependente do turismo para se manter viva, conseguiria sobreviver depois de um verão fracassado?

🦈 Tubarão é um livro que aborda temas diversos, entre eles questões sociais. Quando Brody decide fechar as praias de Amity ele começa a receber pressões da comunidade e, até mesmo do prefeito. A venda do comércio local começa a cair, pessoas perdem os empregos, casas deixam de ser alugadas, contratos são cancelados, um caos. Então o chefe de polícia se vê sem saída, visto que todas as medidas que podem ser tomadas geram grandes consequências para cidade. E é aí que passamos raiva. Imagina, você tem um tubarão GIGANTE matando pessoas nas praias da cidade, o que você faz? Vai nadar. Tipo, que se dane o tubarão. 

🦈 Começamos então a vagar pela consciência de Brody, a sua culpa, o seu relacionamento com a esposa, a sua insegurança e a sua carreira. Abrir as praias é algo que ele deveria fazer? Ir contra a cidade é o certo? Vale a pena arriscar vidas pelo bem da cidade?

🦈 Outra coisa interessante no livro é fazer uma relação entre o ano em que foi escrito e, como evoluímos na consciência ambiental. Vamos ter trechos com situações que hoje seriam consideradas inadmissíveis. Chega a ser um pouco bizarro ver como o oceano era tratado antigamente.

🦈 Não posso fazer comparações com o filme, não me lembro de ter visto. 

🦈 Indico muito a leitura.

Enquanto Você Dormia - Douglas Ribeiro e Giovana Taveira

🤯 Iniciamos o livro sem saber muito bem o que aconteceu, apenas que um corpo foi encontrado. Então acompanhamos a história através dos diários encontrados na investigação, registros policiais e relatos da delegada Clara Pedroso.

🤯 Um dos diários pertence a Roberta, uma jovem solitária atormentada por seu passado e filha de uma mãe esquizofrênica, que tem MUITO medo de desenvolver a doença. Conseguimos perceber isso em seu diário, além de inseguranças, paranoias e conflitos internos. 

🤯 Vinícius é um rapaz misterioso que aparece em seu caminho. Tudo parece caminhar muito bem em sua vida, mas ao entrarmos em contato com o segundo diário, percebemos que nem tudo está indo tão bem assim. Até então, o diário de Vinícius contém passagens perturbadoras e preocupantes. 

🤯 O tom do diário de Roberta começa a ficar mais sombrio. Roberta começa a ouvir barulhos estranhos em sua casa, objetos começam a desaparecer e logo depois reaparecem em seus respectivos lugares. Seria a Roberta apresentando os primeiros sinais da doença da mãe? Será que realmente tem algo de errado  acontecendo em sua casa?

🤯 Então vem uma parte interessante, Roberta decide pedir ajuda, mas como já podemos imaginar ela não é levada a sério. Devido ao seu histórico familiar, logo ela é taxada de maluca. EU, uma pessoa que já fez uso de medicamentos controlados, idas constantes em psiquiatras e psicólogos, entendo perfeitamente o que foi passado aqui. O julgamento de pessoas que não sabem e entendem absolutamente NADA. 

🤯 Também é apresentado aqui no livro o "Tribunal da Internet", já que o caso ganhou notoriedade na mídia. 

🤯 Roberta se sente sem saída, perdida em dúvidas e medos. Senti uma empatia muito grande por Roberta, pois, sei como é não confiar na própria mente e se sentir sozinha por não poder dividir isso com ninguém, até pq ninguém entenderia. 

🤯 O livro segue um ritmo bem fluido e não sabemos em quem podemos confiar. Tudo ali parece suspeito e nada parece se encaixar. Temos um crime, mas não entendemos o que realmente aconteceu. O nível de suspense se mantém por todo livro e, quando vamos chegando ao final as peças vão se encaixando.
Quando descobrimos o que realmente aconteceu, tudo passa a fazer sentido. 🤯

🤯 Triste, mas real. Para mim, só um reflexo de como as coisas funcionam.

🤯 Gostei MUITO da forma que o livro foi escrito, a maneira que rolou o desenvolvimento, a forma que o mistério foi mantido sem sentir que a história estava se arrastando. Para mim foi tudo perfeito.
Indico MUITO a leitura!! Está disponível no Kindle Unlimited ❤️